António Paixão, João de Carvalho e Eduardo Dias vão apresenta a peça "O Palhaço de Mim Mesmo" no Teatro Maria Noémia |
O actor João de Carvalho tem estado na Meia Via nos últimos
meses a encenar uma peça em conjunto com Eduardo Dias e António Paixão. O
desejo de trazer à cena “O Palhaço de mim mesmo”, um texto de Paulo Mira Coelho
é um sonho antigo de Eduardo Dias que se vai tornar realidade no próximo dia 24
de Março quando esta subir ao palco do Teatro Maria Noémia.
Eduardo Dias foi o encenador da última peça do Teatro Meia
Via “Cyrano de Bergerac” e foi nesse momento que conheceu António Paixão que
considerou ser a pessoa ideal para partilhar consigo este projecto. Depois do
sim do autor foi pedir por conselhos aqueles que lhe deram a vida pela primeira
vez. Tratava-se de uma grande responsabilidade, pois esta peça subiu ao palco
pela primeira vez em 2004 no Teatro São Luíz interpretada por Ruy e João de
Carvalho. Eduardo e Paixão conversaram com os dois e desde ambos se
disponibilizaram a ajudar Eduardo na concretização deste projecto, sendo que
João de Carvalho tornou-se mesmo o seu encenador, o que deixou Eduardo Dias e
António Paixão extasiados: “é uma sensação brutal poder estarmos com quem
estamos”, considera Eduardo Dias.
O Teatro Meia Via cedeu o espaço, e o Maria Noémia desde
então sido o local de ensaios e onde irá estrear este trabalho.
É no papel de Fausto que Eduardo Dias e António Paixão vão
tentar emocionar o público da nossa terra e região.
Uma peça intimista onde uma hora vai parecer muito mais
tempo: “esta peça foi escrita não só para o meu pai, mas sabendo que existe um
filho, e há essa ligação pai e filho que é muito grande, tem episódios da vida
do meu pai, mas não é uma biografia”, conta João de Carvalho.
Para João de Carvalho, este projecto também é um desafio
pois gosta mais de estar em cima do palco “é um desafio também para mim (…) vejo
mais como direcor de actores do que encenador”, conta.
“Esta peça permite-me mais que eu possa trabalhar com os
meus conjeneres dentro daquilo que eu
acho que são os meus personagens, embora não esteja a pedir ao Eduardo e ao
Paixão que me imitem a mim ou ao meu pai”, revela.
É um trabalho intenso e que exige muito dos actores: “a
intensidade que este espectáculo tem e de entrega por parte dos actores até
exige que o encenador não se faça sentir”, destaca João de Carvalho.
Não é uma comédia ou um dos espectáculos mais acessíveis,
vai ser preciso puxar um pouco pela cabeça, mas João de Carvalho considera importante
esta diversidade: “Não somos obrigados sempre a fazer uma comédia, o teatro tem
a obrigatoriedade de educar de outra forma ou de libertar de outra forma. A
comédia é uma das formas, como a farsa ou o drama, que é esta, todas são importantes,
mas é mais importantes que as pessoas saiam daqui e levem alguma coisa. Quando
vamos ver um Shakespeare, também tem comédias, mas maioritariamente dramas e tragédias mas é a condição humana, o teatro retrata a condição humana”, conta o
encenador.
“No contexto Torrejano acho que esta peça se enquadra muito
bem, não sei porquê, acho que vai haver uma boa reacção”, refere Eduardo Dias.
“O Maria Noémia é aconchegante”
João de
Carvalho disse ao nosso blogue que já tinha ouvido falar na Meia Via, “nem que
fosse pela Santinha da Ladeira”, brinca. Mas sabia mais e já tinha passado à
porta do Maria Noémia. Não tinha noção da dinâmica cultural da aldeia na qual
se mostrou impressionado. Entra agora pela primeira vez no Maria Noémia um
espaço que caracteriza utilizando a expressão inglesa “cozy”, traduzindo,
aconchegante. Considera que o palco poderia estar um pouco mais baixo, ou por
contrário o público mais elevado, mas ainda assim destaca que esta peça é perfeita
para este espaço: “este espectáculo já é intimo e a sala ajuda ainda a torna-lo
ainda mais, o público está aqui connosco, apesar desta altura”, refere.
Um grande desafio e uma
responsabilidade
para António Paixão
António Paixão
já tem no seu curriculo muitas peças de teatro enquanto actor do Teatro Meia
Via. Todas elas assumiu sempre com muita responsabilidade mas não se deixa de
sentir mais nervoso com este desafio. Não só pelo desafio que a própria peça
traz, sendo um texto de grande qualidade, mas também por toda a envolvência da
familia Carvalho que eleva ainda mais a responsabilidade: “é uma experiencia
que eu estou a gostar muito, é um desafio que o Eduardo me propôs e logo aqui
ao lado no Maria Noémia e que eu aceitei. E todo este envolvimento e a visita à
familia carvalho e todo o carinho que recebemos, é um desafio que eu estou
totalmente dedicado e com muito gosto”, diz António Paixão.
RUY DE CARVALHO PRESENTE NA ESTREIA
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A peça estreou no São Luiz em 2004 interpretada por Ruy e João de Carvalho que agora a encena na Meia Via |
O grande
actor do teatro Português Ruy de Carvalho, pai de João de Carvalho, estará presente
no Teatro Maria Noémia no dia da estreia assim como o autor do texto Paulo Mira
Coelho, dia 24 de Março às 21h30. A peça estará em cena ainda nos dias 25
(21h30) e 26 de Março, 16h00. Depois da Meia Via o objectivo será fazer uma
digressão com a peça de norte a sul do país. Um espectáculo a não perder.
“O PALHAÇO DE MIM MESMO”
“O acaso não existe. Tudo parece ter um sentido, mesmo
quando sentimos não haver razão para que as coisas aconteçam. Não haverá alguma
harmonia entre todos os movimentos dos astros, as coisas da natureza… e o
homem? Será por isso que existem os sonhos? Eis que numa noite de Verão, o
Fausto é visitado pela sua imagem em velho, para que os seus caminhos se abram
e ele se redima dos fantasmas e das angústias e dos medos. O Ancião Fausto
explica como é que um homem se pode inserir nessa tal harmonia. Fala-lhe do
passado, lembra-lhe os erros, as culpas, todas as culpas de outras vidas,
noutros corpos, chamando-lhe a atenção para um simples gesto de bondade,
naquele ténue momento onde o sentido da vida fica mais claro. O Ancião fala-lhe
com uma clarividência comovedora, com palavras simples e certeiras, e
mostra-lhe que o Palhaço é uma alma que nada mais quer do que mostrar o amor
pelas coisas simples, através de uma gargalhada franca, um abraço fraterno ou
uma pantomina sobre o ridículo.
O Ancião Fausto explica como é que um homem se pode inserir
nessa tal harmonia. Fala-lhe do passado, lembra-lhe os erros, as culpas, todas
as culpas de outras vidas, noutros corpos, chamando-lhe a atenção para um
simples gesto de bondade, naquele ténue momento onde o sentido da vida fica
mais claro. O Ancião fala-lhe com uma clarividência comovedora, com palavras
simples e certeiras, e mostra-lhe que o Palhaço é uma alma que nada mais quer
do que mostrar o amor pelas coisas simples, através de uma gargalhada franca,
um abraço fraterno ou uma pantomina sobre o ridículo.”