Como hoje, dia 4 de Outubro, é Dia Mundial do Animal lembrei-me de um que marcou a minha infância e de certo modo dos meus colegas na Meia Via. Não sei se todos se lembram dele, mas nós chamávamos-lhe o Rei.
O Rei era um cão São Bernardo que outrora vagueava pela Meia Via, segundo o que me lembro era o cão guarda da Quinta da Rainha. O Pachorrento Rei aparecia quase todas as manhãs junto à paragem do autocarro e ali ficava perto das crianças até estas irem para a escola. Nós crianças, fazíamos o que queríamos dele, quase que nos montávamos em cima dele como de um cavalo se tratasse. Tudo ali era dele, quando estava cansado, deitava-se no meio da estrada e obrigava os carros, ou a desviarem-se ou a pararem para sua excelência sair do caminho.
Na Meia Via o Rei não fazia mal a ninguém, mas no seu domínio, a Quinta da Rainha, dizia-se que era uma autêntica fera para os desconhecidos. Eu nunca o soube porque também nunca me atrevi a tentar entrar nos seus domínios. Até porque, preferia a simpática e pachorrenta versão que me visitava a mim e aos meus colegas na paragem do autocarro.
| Quando o Rei se deitava na estrada eram os carros que se tinham de desviar de sua excelência |
Fábio Carvalho
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"Só seremos universais se conhecermos e amarmos nossa aldeia"
Tostoi
