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Estamos perto do 13 de Maio, o Papa Francisco visita Fátima e na Meia Via um dispositivo foi montado dar apoio aos Peregrinos pois a Meia Via está na rota de Fátima.
Contam os mais antigos que daqui se avistou o Milagre do Sol. A Meia Via não dista muito de Fátima, e os boatos das aparições não tardaram a chegar aqui e aos arredores. Foi precisamente isso que testemunhou o correspondente do Jornal O Século a 23 de Julho de 1917 na Meia Via e que já questionava se tudo não passaria de um embuste, mera especulação financeira. Um tema que ainda hoje é muito debatido na nossa sociedade. E não se enganem ele escreveu mesmo Meia Vila. 

Leia do reportagem do Século em 1917 escrita na Meia Via:

"Meia Via, (Torres Novas), 21. – C – Ha muito tempo que n’esta localidade corria com insistencia o boato de que n’um determinado ponto da serra d’Aire apareceria no dia 13 do corrente a mãe de Jesus Cristo a duas criancinhas, a quem já por diversas vezes tinha aparecido, e no mesmo local.

Este boato, como é de supôr, despertou a curiosidade geral na vila de Torres Novas e suburbios, entre os quaes se conta esta localidade, arrastando ao referido ponto milhares de creaturas, umas, as descrentes, para assistirem a qualquer coisa interessante; outras, as religiosas, por credulismo e devoção.

O caso é que o acontecimento foi tão empolgante que, em Torres Novas, vila, como todos sabem, abundante em alquilarias, no referido dia não se encontrava sequer um carro para alugar, chegando mesmo a fechar bastantes estabelecimentos.

Seriam 2 horas quando n’esta localidade apareceram, de regresso, as numerosas pessoas, na maioria religiosas, que d’aqui foram presenciar o anunciado milagre, entoando canticos e hinos á Virgem e soltando alguns vivas quando destroçaram para suas casas.

N’um impulso de irresistivel curiosidade (pois o caso é de molde a despertal-a), acercámo-nos no dia seguinte d’uma creatura, que, creio tambem, fez parte da romagem pelas compelas informações que soube dar-me, e dirigimos-lhe algumas ácèrca do assunto ás quaes, com uma inflexão de voz, que bem deixava transparecer a emoção que sentia, respondeu da fórma seguinte:

– No dia 13, que estaca designado para a aparição de Nossa Senhora, dirigimo-nos ao local indicado. Já ali fervilhavam milhares de pessoas, que, impulsionadas pelo desejo de a verem, ali se tinham arrastado, vindo de longínquas povoações algumas d’elas.

A curiosidade era geral e n’um momento todos se conservaram silenciosos, boquiabertos, perscrutadores, como que procurando ouvir qualquer voz que vinha das entranhas da terra. N’isto, ouve-se um ruído semelhante ao ribombar do trovão e logo a seguir as duas crianças, que estavam junto duma carrasqueira circumdada por muitas florinhas, creio que paradisiacas irromperam n’um choro aflitivo, fazendo gestos epileticos e caindo depois em extasis. A uma d’elas, a que tinha o privilegio de ouvir e vêr a santa, fizeram varias pessoas muitas perguntas, ás quaes respondia dizendo que via uma especie de boneca muito bonita, que lhe falava. Tinha, dizia, um resplendor em torno da cabeça e chamava-a para junto de si, n’uma voz muito fininha e melodiosa. Entre muitas coisas que lhe disse, a principal foi anunciar-lhe a sua reaparição do dia 13 a um mez e no mesmo sitio, aparecendo ainda mais outra, para declarar o motivo por que tinha vindo ao mundo.

Agradecidas as informações que a mulhersinha prestou, retirei-me, formulando uma opinião ácêrca do que acabava de ouvir. O caso parece extremamente irrisorio e, seriamente, não o teria acreditado se aquela creatura não merecesse a maxima confinça por ser sincera e verdadeira e não fosse corroborado por outras que o contaram, empregando as mesmas palavras e citando os mesmos fatcos. Entretanto, é minha opinião que se trata d’uma premeditada especulação financeira, cuja fonte de receita existe nas entranhas da serra, em qualquer manancial de aguas mineraes que recentemente tenha descoberto algum individu astucioso que, á sombra da religião, quer transformar a serra d’Aire numa estancia miraculosa como a velha Lourdes.

As autoridades já tomaram conta do caso, e, se ainda o ignoram, servir-lhe-ha o comentario de aviso."

Escrito por

Fábio Carvalho

"Fale da sua aldeia e estará falando do mundo"

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Fábio Carvalho

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