Sabiam que na Meia Via houve em tempos uma costureira que assombrou um país inteiro?
A história é contada pela revista Notícias Magazine, numa entrevista a
Joaquim Fernandes que a conta no segundo volume do seu livro "História
Prodigiosa de Portugal".
O assunto aparece pela primeira vez no Jornal O Século em 1920 e a
partir foram surgindo réplicas da alma penada de uma costureira que por
vários sítios fazia ouvir um ruído semelhante ao de uma máquina de
costura.
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| Relatos fizeram-se ouvir por todo o país |
"A costureira viral
Graças ao poder massificador da imprensa periódica, que relatava sem pudores os «fenómenos inexplicáveis», o fascínio pelo oculto espalhou-se por todo o país. O enigma da costureira – para o autor «o mais intrigante caso de histeria auditiva de massas sucedido em Portugal» – seria o melhor exemplo dessa brutal disseminação.
Graças ao poder massificador da imprensa periódica, que relatava sem pudores os «fenómenos inexplicáveis», o fascínio pelo oculto espalhou-se por todo o país. O enigma da costureira – para o autor «o mais intrigante caso de histeria auditiva de massas sucedido em Portugal» – seria o melhor exemplo dessa brutal disseminação.
O caso surge pela primeira vez a 1 de Setembro de 1920 n’ O Século,
que relata «o misterioso fenómeno que há uns tempos se faz notar nesta
povoação [Meia Via, Torres Novas], o qual e segundo os espíritos mais
supersticiosos é atribuído a uma alma penada de uma costureira que, em
vida e quando de uma doença que a ia vitimando, prometera uma máquina de
costura à Virgem Mãe de Deus caso a salvasse da enfermidade, promessa
que não cumpriu e que agora expia andando de casa em casa, de terra em
terra». Por isso, ouvir-se-ia «um ruído semelhante ao de uma máquina de
costura», não só «em casa de gente religiosa ou supersticiosa mas também
na de ateus e materialistas irredutíveis». O jornal garantia que já
teria havido réplicas no Entroncamento, Golegã, Riachos, Chamusca, etc.
Mas a costureira não iria ficar só pelo distrito de Santarém.
A 14 de setembro, o JN titulava: «Um fenómeno sensacional. O
caso da costureira de Torres Novas sucede igualmente no Quartel do Carmo
do Porto. Trata-se de um facto misterioso que ninguém sabe explicar com
exatidão.» Seis dias depois, O Século voltava à carga
noticiando anteriores aparições na capital: «Deste mundo ou do outro? A
costureira em Lisboa. Manifestou-se há três meses em casa de um
comerciante da Rua do Carmo.» A disseminação ganha contornos imparáveis.
«Hoje, chamar-lhe-íamos viral», diz Joaquim Fernandes. Aos diários
chegam testemunhos de audições da máquina da costureira do Minho ao
Algarve. Na imprensa avançam-se explicações para o insólito ruído, que
vão das teses psíquicas às alterações digestivas. O caso conhece o seu
expoente máximo a 27 de setembro quando milhares se juntam em torno do
marco postal da Ilha dos Galegos, em Lisboa, onde, alegava O Século,
a máquina da costureira deveria soar às 13.00. Porém, nada se escutou.
Na edição seguinte, o jornal confessava que tudo não tinha passado de
uma «blague jornalística» para mostrar «até que ponto pode ser levado o
poder da sugestão». Todavia e mesmo após a revelação do embuste, a lenda
da costureira persistiu até hoje na memória de inúmeras localidades de
norte a sul do país.
Fonte: http://www.noticiasmagazine.pt/2016/portugal-do-alem/?print=1
Quem se lembrar ou tiver testemunhado esta história envie-nos o seu relato para: noticiasdameiaviaoficial@gmail.com

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